top of page
Buscar
  • Foto do escritorJornal Click

O verdadeiro conto de Natal

Chegámos à conhecida altura do ano em que caminhamos em ruas sempre iluminadas, ouvimos as mesmas canções ininterruptamente seja no carro, no elevador ou até mesmo a passar por um café, cujas empregadas não são capazes de fingir um sorriso, as várias receitas diferentes para fazer os mesmos pratos saltam para cima de nós assim como a propaganda que nos invade semelhante a um parasita. O Natal.

Toda a gente quer saber, todos ajudam, todos fazem o bem uns pelos outros, todos são bons - pelo menos agora. As grandes empresas espalham a sua bondade por todos, estranhamente ninguém recebe nada. Pessoas que durante onze meses oferecem desprezo aos que passam fome lembram-se de oferecer comida a quem não tem - porque só faz falta nessa altura.

A publicidade baseia-se em vídeos que fragilizam as emoções das pessoas para as levar a consumir. Para ter sucesso basta associar toda a felicidade de uma criança a um brinquedo e dar a entender que um presente ou um dia compensa o facto de ela ter passado o resto do ano infeliz. Na verdade, compensa tanto como o facto de alguém não ter companhia durante 364 dias e só ser lembrado no Natal. À mesa todos fazem planos para a próxima semana que, inexplicavelmente, se adiam para o ano seguinte. O amor, a fraternidade, a caridade e a união não se celebram num dia.

Não culpando o feriado em si, a celebração destes sentimentos deve ser bem considerada, mas não existe algo para celebrar num dia quando nada foi feito durante um ano. Não culpo o Natal por esta hipocrisia, culpo as pessoas.


Texto: Érica Rosa Foto: Leonor Raposo

67 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page