O toque das gotas frias a cair na minha pele, o contraste das tuas mãos quentes quando me tocas, a maneira como dizes que em amas e que não me queres perder… Arrepia-me! Faz-me sentir um friozinho na barriga e uma sensação quente nas bochechas.
Os nossos corpos estão molhados, a chuva continua a cair forte em cima de nós. A porta de casa está logo ali, podiamos entrar… mas eu não quero, prefiro ficar aqui. Começamos a dançar ao som de uma música inexistente, seguindo o ritmo da chuva a bater nas pedras da calçada, e quando me rodopias eu deixo de te ver. Somente duas manchas azuis que lembram os teus olhos aparecem à minha frente, tento alcançar-te, mas não consigo. Uma monotonia apodera-se agora da minha alma. Já não sinto o teu toque, já não sinto as gotas frias da chuva, já não vejo a porta de casa nem a calçada molhada. Somente eu… e a escuridão.
Começo a ver uma luz. Serás tu? Não. É apenas a minha mente a transportar-me de novo para a realidade, a tirar-me o sonho que tanto me preenchia à segundos atrás. Acordei. Espero que voltes amanhã.

Texto: Beatriz Guerreiro Foto: Inês Tojinha
Comments