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A minha escrita sou eu

Tenho dias em que transbordo pensamentos que adorava por em papel, que toda eu sou uma fonte inesgotável de filosofias do dia-a-dia. Tenho outros em que sou um vazio. Exatamente, como que um buraco negro vazio, ou cheio de nada. Acho que nunca sei bem aquilo que hei-de escrever. Começo com a primeira coisa que me vem à cabeça. Sem ordem de ideias, sem filtragem prévia. Sou espontânea naquilo que escrevo. Se digo o que penso, escrevo o que penso. Sinto-me livre quando escrevo. Despida de preconceitos. Como se ninguém me pudesse impedir de me exprimir conforme a minha vontade. Como se pudesse soltar todo o vernáculo que me desse na gana sem ser punida com isso. Lá está… A escrita. Representa aquilo que me vai na alma. E, confesso, nem sempre a minha alma é colorida de cores vibrantes, ou alegres. Tem dias, que para além de me sentir vazia, tenho uma alma negra. Meio que melancólica. Estranhamente, descobri que tenho uma escrita mais racional quando não estou bem, não estou em mim. Confesso ainda que, devido a todas essas racionalidades irracionais, tenho montes de textos guardados, como meros rascunhos. Tudo isto devido a receio. Sim, a medo. Medo de não ser compreendida. Não porque preciso que me entendam. Mas porque preciso que entendam a minha escrita. Não porque preciso da aprovação de alguém naquilo que escrevo. Mas porque aquilo que escrevo é um espelho daquilo que sinto e preciso que compreendam, no meio de tantas palavras, aquilo que estas querem transmitir. A minha escrita sou eu. Na minha forma mais natural. A minha alma. A minha mente. A minha consciência. Os meus pensamentos. Nua. Completamente nua. Exposta. Completamente exposta. Completamente nua e exposta. O que escrevo representa-me. Representa-me da maneira mais profunda em que posso ser vista. Representa-me da maneira mais clara com que posso ser observada. Na minha escrita estão presentes os meus medos e receios, desejos e ambições, amores e desamores, conquistas e falhanços e, acima de tudo, todos os aspetos da minha vida que fazem de mim uma pessoa mais feliz (e por vezes mais infeliz). Portanto, embora a minha felicidade não faça sentido e tao pouco a minha terrível incapacidade para terminar um texto seja incompreensível, esta sou eu. E, felizmente ou infelizmente, não faço sentido. Sê bem-vindo. Senta-te e põe-te confortável. Respira fundo. Lê-me. Por partes, ou por inteiro. Mas, já que estas aqui, desfruta. Desfruta de palavras que não vão embora com o vento e de sentimentos que ninguém te tira. Deixa-te levar. Não te contenhas. Perde-te comigo e fica o tempo que quiseres. Aqui o tempo não importa. Compreende-me na minha totalidade. Não te fartes. Encontra-te nas minhas palavras. Encontra-te em mim. Fica. Não te irás arrepender. Não deixes que isto te passe ao lado, como apenas mais umas das porcarias que costumas ler num sítio qualquer. Aprecia-me. Entende-me. Valoriza-me. E, acima de tudo, obrigada.


Texto: Anónimo Foto: Inês Tojinha

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